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OPINIÃO: Frutos da Páscoa

Sempre ouvimos falar que a Páscoa é a festa central do cristianismo. Que é a razão e, ao mesmo tempo, dá sentido a todas as outras festas. Para resumir, a temos chamado de festa-mãe de todas as comemorações cristãs, pois sem a ressurreição de Cristo tudo cairia por terra. No entanto, o acontecimento Páscoa não se encerra em si mesmo, mas gera uma nova história, ou deveria gerar uma nova história.

Podemos considerar duas realidades: uma cultura que morre e é sepultada e uma cultura que nasce e traz a vida em plenitude.

Qual é a cultura que morre ou deveria morrer? Com a morte de Jesus Cristo deveria morrer a velha cultura das divisões, dos preconceitos, a cultura da prioridade da lei sobre a vida; deveria morrer a cultura do egoísmo, do ódio e, sobretudo, a cultura de um Deus distante, inacessível, fiscalizador, que mete medo e que ameaça com o inferno.

Sim, a festa da Páscoa deveria sepultar definitivamente a cultura platônica, do irreal, do imaginário e do distante; como também deveria sepultar a cultura da solidão, do individualismo e da vingança.  Deveria, como fala a Palavra de Deus, sepultar o homem velho, sem esperança, sem fé e sem o desejo de vida eterna.

Mas a festa da Páscoa, acima de tudo, deveria gerar uma nova cultura. Sim, uma nova cultura, não apenas novos ritos, ou novas cerimônias, apenas;  deveria gerar a nova cultura a respeito da vida, das relações, do trabalho, de Deus e como se relacionar com ele. Para isso, claro, quer gerar uma nova mentalidade, um novo comportamento e uma nova postura dos cristãos no mundo.

Entendemos por cultura um modo de pensar, um modo de agir, um modo de viver e conviver que inclui, portanto, hábitos, costumes, símbolos, linguagens e gestos. Neste sentido, a Páscoa quer gerar a cultura do Deus próximo, o Deus que se fez carne, o Deus que fala, o Deus amigo e, sobretudo, o Deus pessoal que caminha conosco, dialoga, interpela, senta à mesa e faz nosso coração arder. A Páscoa quer gerar a cultura da fraternidade, da solidariedade, da misericórdia, do entendimento, do diálogo; ainda mais, a Páscoa quer gerar a cultura da vida e do respeito à vida e da esperança. Quer gerar a cultura do encontro e, hoje, do encontro pessoal, não apenas virtual.

Portanto, não basta celebrar os ritos e cerimônias pascais, mas é necessário traduzi-las em novas atitudes, novos gestos, especialmente em vida nova. Estamos vivendo momento que clama por essa nova cultura, por uma nova postura e especialmente por uma nova mentalidade.

Espero que os frutos da Páscoa sejam muito mais uma mudança de cultura -  portanto, de mentalidade e de postura - do que apenas um conjunto de boas ações, importantes, mas insuficientes para viver o que nos propõe a festa Pascal.

Por isso, que a Páscoa não se resume numa data, numa semana, mas nos coloca num caminho de mudança e de transformação permanente.

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